[Poema I]

21-08-2011 15:21

Cravar as unhas na carne

E apreciar o espírito derreter.

Iluminar os pobres com oleadas lamparinas,

Em vez de se entreter com pirilampos intermitentes.

 

Esperar que o Outono chegue

E com ele virá a chuva vadia,

Triste de um dia cinzento

Se converter em solarada manhã.

 

Confinar-se à estreitidão do aperto.

Os braços envolventes de corpos

As almas denegridas em promessas vãs

E a esperança que as nuvens se desfaçam em pó.

 

Corromper a honra

E sacrificar as ideias delirantes

Sobre Deuses e Homens cristãos

Em prol de sanidade desmedida.

 

A presença e a saudade,

Confundidas em sentimento trôpego.

Abismos gritados que fumaçam

À medida que o peso vence a gravidade.

 

Eu só com a solidão eufórica de me ter

Corpo e alma unidos em leviandade divina.

Só porque vem do Céu é estrela,

Enquanto a Terra não passa de podridão infértil.

 

Loucos são os afortunados descontentes.

Teimam que a vida á vil, porque não dá chuva dourada.

Insistem-se vitimizados, apenas, porque são doidos

E não podem gozar a felicidade da plenitude.

 

O supremo e o maior.

As vozes que enaltecem o pedestal caído

Querem mais, anseiam melhor, matam por tão pouco.

Definham em ingratidão cruel de coração rasgado.