[Poema I]
Cravar as unhas na carne
E apreciar o espírito derreter.
Iluminar os pobres com oleadas lamparinas,
Em vez de se entreter com pirilampos intermitentes.
Esperar que o Outono chegue
E com ele virá a chuva vadia,
Triste de um dia cinzento
Se converter em solarada manhã.
Confinar-se à estreitidão do aperto.
Os braços envolventes de corpos
As almas denegridas em promessas vãs
E a esperança que as nuvens se desfaçam em pó.
Corromper a honra
E sacrificar as ideias delirantes
Sobre Deuses e Homens cristãos
Em prol de sanidade desmedida.
A presença e a saudade,
Confundidas em sentimento trôpego.
Abismos gritados que fumaçam
À medida que o peso vence a gravidade.
Eu só com a solidão eufórica de me ter
Corpo e alma unidos em leviandade divina.
Só porque vem do Céu é estrela,
Enquanto a Terra não passa de podridão infértil.
Loucos são os afortunados descontentes.
Teimam que a vida á vil, porque não dá chuva dourada.
Insistem-se vitimizados, apenas, porque são doidos
E não podem gozar a felicidade da plenitude.
O supremo e o maior.
As vozes que enaltecem o pedestal caído
Querem mais, anseiam melhor, matam por tão pouco.
Definham em ingratidão cruel de coração rasgado.