[Poema IV]
As rosas que a chuva floresce fazem crescer o encanto
Convertem a natureza mais estupenda aos olhares que a tocam
Parece ao coração que o mundo é algo estonteante
Digno de amor e respeito, mas exagera
O homem é o planeta que construiu
A força e o gelo que atacam são resultado das suas acções
A beleza e o orvalho lacrimal são efeito borboleta
Larva que cresce e brilha, mas a essência permanece gosmenta
Durante quanto tempo serei capaz de manter a mentira?
Adornar de ouro falso a pedra de cimento rasca que habitamos
Durante quanto tempo serei capaz de aguentar o peso da desonestidade?
Mostrar uma ilusão que vende verdade, não é justo!
O esforço da sublimação não alcança a vontade engrandecida
Acanha-se ante o medo da dor intencionalmente provocada na alma
Cobra uma dívida irreal que só o tolo pode pagar
É injusto que eu seja consciência quando mais ninguém o é
Talvez exista algures uma essência verdadeira que mereça o empenho
Mas é demasiado cedo para antecipar uma chegada
Que pode partir sem sequer se permitir ver
É noite, mas o sol da manhã já se faz sentir no meu peito
O coração quebra quando a alma verga perante caprichos vãs
A dolência começa quando a carne não sente e a lâmina faz estragos
A paz é alcançada quando os olhos fecham e o sangue estanca
Viver é um dom demasiado precioso para se abdicar
Conjugar palavras é facilitismo que não se entende
Clamar aos céus que se sabe realmente o que se escreve
É exagerar-se poeta de pessoas, de sentimentos
Há coisas que se explicam pela ausência de compreensão
O encanto e o requinte da literatura são para leigos ver
Mentes escassas de conhecimento e deliberação
Esses são os abonados pelo poder poético
Os que amam verdadeiramente a criação artística