[Poema IV]

24-08-2011 15:57

 

As rosas que a chuva floresce fazem crescer o encanto

Convertem a natureza mais estupenda aos olhares que a tocam

Parece ao coração que o mundo é algo estonteante

Digno de amor e respeito, mas exagera

 

O homem é o planeta que construiu

A força e o gelo que atacam são resultado das suas acções

A beleza e o orvalho lacrimal são efeito borboleta

Larva que cresce e brilha, mas a essência permanece gosmenta

 

Durante quanto tempo serei capaz de manter a mentira?

Adornar de ouro falso a pedra de cimento rasca que habitamos

Durante quanto tempo serei capaz de aguentar o peso da desonestidade?

Mostrar uma ilusão que vende verdade, não é justo!

 

O esforço da sublimação não alcança a vontade engrandecida

Acanha-se ante o medo da dor intencionalmente provocada na alma

Cobra uma dívida irreal que só o tolo pode pagar

É injusto que eu seja consciência quando mais ninguém o é

 

Talvez exista algures uma essência verdadeira que mereça o empenho

Mas é demasiado cedo para antecipar uma chegada

Que pode partir sem sequer se permitir ver

É noite, mas o sol da manhã já se faz sentir no meu peito

 

O coração quebra quando a alma verga perante caprichos vãs

A dolência começa quando a carne não sente e a lâmina faz estragos

A paz é alcançada quando os olhos fecham e o sangue estanca

Viver é um dom demasiado precioso para se abdicar

 

Conjugar palavras é facilitismo que não se entende

Clamar aos céus que se sabe realmente o que se escreve

É exagerar-se poeta de pessoas, de sentimentos

Há coisas que se explicam pela ausência de compreensão

 

O encanto e o requinte da literatura são para leigos ver

Mentes escassas de conhecimento e deliberação

Esses são os abonados pelo poder poético

Os que amam verdadeiramente a criação artística