[Poema V]

24-08-2011 16:41

 

A neve que no meu corpo derrete é fantasia.

Analogia de ideias que possuem um significado único,

Desgosto de amor que sabe a caldo frio,

Alimentos intragáveis que a boca rejeita e o estômago repulsa.

 

Como justificar que se pague em troca de nada?

Se eu dou, espero retribuição de valor semelhante.

Pedi uma parede azul, entreguei as notas, o pintor usou de seu talento,

Mas a parede, outrora negra, ficou vermelha.

 

 
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O pincel e o balde de tinta azul permanecem no degrau interior,

A escada continua a ocupar o mesmo lugar.

O artista evaporou do confinado espaço e o cómodo virou magenta,

Sangue que rasgou a pele e inundou o quarto

 

Mulheres de coração desgastado pelo tempo,

Escutai que ele ainda bate, contrai e se esforça.

Recordai que um dia ele foi leão e agora jaz no descampado.

Lamentai a vida, mas um segundo é quanto basta

Para que a mágoa caia e a esperança retorne.

 

Preto, branco ou amarelo, o sentimento não tem cor para se atribuir.

Na realidade, ele gosta de inovar

Contradizer a regra e tornar-se excepção.

É, sem dúvida, deslumbrante sentir-se assim!

 

Mas, do outro lado, existe a sociedade descrente

Impõe-se sobre a vontade e assume o controlo da razão.

Declara-se dona das decisões e usufrui desse poder.

Só os corações apaixonados ignoram a trágica realidade…

 

O amor é palavra que não se diz, mas sente-se

E age-se em conformidade com esse sentimento.

A chama intensa apodera-se de nós

Até que o lume brando se celebra rei do universo interior.

 

A localização geográfica dispersa por todo o território

Espalha brisas e tempestades que nos afectam inteiramente.

Somos marionetas sem fio que sucumbem aos desejos de um coração cego,

Até que a luz vespertina inaugura o primeiro dia solarado do ano.

 

Quando a infância cresce e a maturidade invade

As portas do bom senso conectam com a jovialidade consciente,

As lacunas e os cimentados alicerces combatem pela vitória.

Um jogo entre campeões, cujo resultado nunca ultrapassará o empate.

 

Ausência de derrota, nunca perder, incapaz de ganhar.

As definições multiplicam-se e os significados proliferam,

Incertezas que partem de uma filosofia consolidada.

A noção de que os braços nunca substituirão as pernas,

Ambos serão aliados imortais.